Sobre este blog

Este blog publica exclusivamente conteúdo original da minha autoria (ver à direita) e serve o único propósito de garantir a minha imortalidade:

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sábado, 1 de dezembro de 2007

O Berço da Vida

Gostaria de vos falar da casa que habito.

Gostaria de começar por referir que sou uma pessoa asseada, que aprecia a limpeza dos espaços que me rodeiam, que retira um sentimento de qualidade de vida quando pode deixar cair uma coisa no soalho e simplesmente voltar a pegar nela e agir como se nada tivesse acontecido.

Deixar cair alguma coisa no soalho da casa em que habito é uma tragédia.

É como quando o herói apanha a mão da mulher que ama mesmo a tempo de a impedir de cair no precipício, perto do clímax do MAM (Mainstream Action Movie) e a imagem fica em câmara lenta e eventualmente a mão escorrega e ela cai, e eles olham-se nos olhos durante a queda, exprimindo nesse olhar todos os sentimentos inconfessados, acompanhados de uma música dramática com violinos e ele grita um "Não" que se prolonga por vinte segundos. É bonito e comovente de se ver num MAM, mas a realidade com que eu convivo é muito pior.

Se deixares cair uma coisa no meu soalho o mais sensato a fazer é incinerá-la.

Teorema: O chão da minha cozinha é um isomorfismo que transforma todo o objecto cadente de massa M num monte de merda amorfo com massa igual ou superior a 2M.

Demonstração: empírica.


Topologia do meu soalho:

Há uma camada heterogénea que cobre toda a extensão exposta ao ar formada por pó, cabelos, pintelhos, pedaços de picocas, flocos de cereais, migalhas de pão e outras partículas provenientes de comida em geral. Esta camada apresenta uma espessura média de aproximadamente 2 milímetros, apresentando em diversos pontos aglomerados de cotão mantidos coesos por uma mistura de cabelos e pintelhos. Há locais que têm maior concentração de pintelhos, como a casa-de-banho e outros em que é a comida que predomina (cozinha). Por cima desta camada encontram-se espalhadas aleatoriamente enormes quantidades de louça e roupa suja. A roupa suja tende a concentrar-se em grandes montanhas no Hall, impedindo a entrada no apartamento e também no chão da casa-de-banho, na marquise, e no quarto do Zé. Estes últimos três sítios são dos menos convenientes para se amontoar roupa porque são os sítios mais nojentos da casa.

A casa-de-banho porque o chão está sempre cheio de poças que nem sempre são de água.

A marquise porque é o sítio onde está o balde do lixo, sendo que o balde é apenas um ponto de referência, é mais rigoroso dizer que a marquise é, em si, o lixo; e onde está também a máquina de lavar roupa, que verte água.

O quarto do Zé pelas razões óbvias, isto é, por definição.

Para vos dar agora uma visão mais completa, há que referir ainda o estado da sanita, que infelizmente é indescritível utilizando apenas o vocabulário da língua portuguesa, mas do qual se pode dar uma boa aproximação definindo-o como o superlativo do repugnante; a banheira, que tem quase tantos pêlos e cabelos como o soalho e uma massa crítica deles no ralo, estando ainda pululada por rolos vazios e semicheios de papel higiénico que o Zé está sempre a deixar cair lá dentro, folhas de cadernos (não me peçam para explicar) e embalagens de shampô vazias que nunca chegam a ser deitadas fora; o lava-loiças que se devia chamar o "guarda-loiça-suja"; o frigorífico, do qual apresento a nossa definição muito própria:

frigorífico, s. m. - local onde se armazenam grandes quantidades de alimentos frescos e caixas vazias que em tempos contiveram alimentos.

De notar que esta definição omite o facto de que os alimentos não ficam armazenados para sempre, mas fá-lo não por ser óbvio que não ficam, é precisamente pelo motivo contrário. De facto, os únicos alimentos que chegam a ser alguma vez retirados do interior do frigorífico são os que estão à vista de quem abre a porta. Os restantes são deixados a apodrecer indefinidamente, até que se passa tanto tempo que se transformam num líquido negro e viscoso que conflui para a poça negra e viscosa que está na última prateleira. O espaço que antes ocupavam é preenchido por um novo conjunto de alimentos, que por não estarem à vista enfrentarão o mesmo amargo destino. This is never-ending.

Há ainda a mesa da cozinha que é onde comemos. Raramente vemos o tampo, que é de um branco tão bonito, porque normalmente a mesa está também ela coberta de loiça suja, comida em variados estados de putrefacção, caixas de pizza, migalhas, garrafas, cascas, e podia continuar esta enumeração Ad Infinitum e Ad Nauseum.

Não é de espantar, de facto, que sempre que vem cá um novo convidado ele franza o nariz e pergunte se nós não teremos trancado por engano o gato na despensa e que nos tenhamos esquecido de lá ir durante seis meses.

Essa é a altura em que eu admito, envergonhado, que não temos nenhum gato, nem vivo nem morto e faço um ar encavacado até o convidado mudar de assunto ou eventualmente ir-se embora, agoniado.

Falei-vos da minha casa e de como ela é suja, nauseabunda e repugnante.

Mas nem tudo é mau na minha casa.

De facto, no mais medonho dos sítios pode acontecer a mais bonita e maravilhosa das coisas.

A minha casa, amigos - e friso - é um Berço da Vida.

Nos sítios mais inesperados (ou não) prolifera vida nesta casa. Quantas vezes não vou buscar comida ao frigorífico e encontro lá no fundo uma caixa de tomates, já podres, de onde brotam fungos com grandes pêlos?

Quantas vezes não encontro esses mesmos fungos em embalagens abertas e semi-cheias de iogurte, na fruta, em variados legumes e em tantos outros alimentos?

Bolores no pão, dezenas de mosquinhas nas prateleiras, nas quais se encontram batatas podres com panóplias de colónias dos mais variados seres vivos.

E quando, após vários meses, decidimos tirar a montanha de roupa suja da marquise e descobrimos que as camadas superiores de roupa, ao abafarem as inferiores, criaram condições óptimas de temperatura e humidade para que, juntamente como o suor, o chulé e a água podre que verte da máquina de lavar, se criasse um morno ninho no qual se desenvolveu um gigantesco bolor?

Nestas alturas enchemo-nos de um orgulho paternal por toda a vida que nos rodeia, que para todos os efeitos fomos nós que criámos, mesmo sem o pretendermos.

E sentimo-nos unos com Deus.

De facto não, porque todos nós somos ateus.

De facto, o que acontece é que nos sentimos Deuses.

E perguntamo-nos, até onde pode isto ir? Até que ponto pode a vida proliferar num ambiente como este, que para todos os efeitos é uma fonte limitada de matéria orgânica?

E nesta linha de pensamentos o Hugo resolveu fazer uma experiência. Retirou do frigorífico uma taça que em tempos conteve uma papa de inertes flocos de aveia e que agora era um universo diversificado e luxuriante de fungos, bolores e sabe-se lá que mais. Colocou-a sobre a máquina de lavar e cobriu-a com uma marmita.

E ali deixou aquilo durante semanas.

Ocasionalmente levantava a marmita e observava o ecossistema fechado que ali tinha sido criado. Uma floresta exótica, infestada por dezenas de minúsculas mosquinhas que esvoaçavam incessantemente ali em volta.

A proliferação abrandou rapidamente. Ao cabo de 3 meses a taça era o retrato da morte. O ecossistema não era auto-sustentável e colapsou. Aquilo que em tempos fora um impressionante caldo de vida era agora uma massa preta, sólida, opaca, imperscrutável.

Deitámos a taça e a marmita fora. No tampo da máquina de lavar ainda se pode ver uma auréola negra formada por dezenas de minúsculas moscas mortas. Vamos deixá-la lá para sempre, como tributo a esta bonita colónia que já não está entre nós.

Recentemente aconteceu um novo milagre e desta feita de forma totalmente fortuita.

O Marco foi lá a casa fazer um dos seus maravilhosos cozinhados. Em vez de vos dar a receita deste prato específico, vou antes dar-vos algo mais valioso, que é o algoritmo utilizado pelo Marco em qualquer receita:

Cozinhado à la Robalo

- Encha uma grande panela de água até acima, independentemente da quantidade de comida que pretende cozinhar. Ponha-a ao lume, destapada.
- Ponha todos os ingredientes que quiser dentro da panela, desde que contenham apenas uma porção infinitesimal de gordura. Não descasque, corte ou pique o que quer que seja, para conservar o sabor naturalmente merdoso dos alimentos. Para evidenciar ainda mais este aspecto, abdique de quaisquer condimentos, em particular do sal.
- Espere um quantidade arbitrária de tempo, desde que maior do que 15 minutos (por algum motivo este minorante não é função nem da quantidade de comida nem da intensidade da chama).
-Use uma concha de sopa para se servir. Não escorra a água pois pode correr o risco de que o cozinhado não fique completamente empapado e insípido.

Nota: Se não consumir tudo na altura guarde o restante no frigorífico (SEM ESCORRER!!!) e coma no dia seguinte sem aquecer.


Voltando onde estávamos, os ingredientes que o Marco adicionou nesta situação concreta foram arroz, batata, cenoura, pescada, e couve, tudo inteiro e por descascar. Naturalmente não se comeu quase nada.

No dia seguinte o Marco foi embora e a panela ficou lá, cheia de comida até 3/4.

Eu recusei-me a lavar a panela. O Hugo recusou-se a lavar a panela.

A panela é do Zé. Como vimos anteriormente, por definição, o Zé não se importou com o facto de ninguém lavar a panela.

Tapámos a panela e pusemo-la ao lado do fogão para que o marco a lavasse na próxima visita.

A próxima visita só decorreu passado um mês, altura em que já era tarde demais.

Poucos dias antes da chegada do Marco destapamos pela primeira vez a panela. O cozido tinha-se transformado numa pasta castanho clara, muito espessa, com pequenas poças de um caldo igualmente castanho. Fora do caldo proliferavam vários fungos, nada de muito anormal, mas deixa ver melhor o que é isto?...

...


...


LARVAS!!!!!!!!!!!! OMmotherfuckingG!!!

Dezenas de larvas brancas a contorcerem-se numa pasta castanha amorfa!

E depois olhamos melhor e nas poças de caldo notamos uma borbulhagem...

MAIS LARVAS!!!! E MUITÍSSIMO MAIORES!!! E NÃO PÁRAM DE SE CONTORCER DE FORMA REPUGNANTE, DANDO A ILUSÃO QUE O CALDO BORBULHA!

Acreditem que dá voltas ao estômago.

Gostava que a minha descrição fosse mais vívida, mas espero que tenham ficado com a noção. Aquilo era uma coisa à filme de terror.

Do tipo, tão a ver quando um bicho morre e depois é comido por larvas?

That's what i'm talkin' about...

Fuck!


De alguma forma, aquela conjugação de alimentos formou uma autêntica fornalha de matéria orgânica. Mesmo depois de fecharmos a panela um cheiro pungente persistiu durante muitos minutos. Dias depois, quando voltámos a levantar a tampa, novo choque:

As larvas espalhavam-se ao longo das paredes da panela. Estavam a trepá-la, a querer sair. Já havia algumas na parte de dentro da tampa!

Holy fuck, esta panela tem de ir para o lixo e é já!

...

Por outro lado....

Esta merda é mesmo nojenta, temos mesmo de mostrá-la a toda a gente que conhecemos!!

Assim a panela ainda ficou por lá durante vários dias. Só levantávamos a tampa para mostrar o espectáculo aos visitantes que apareciam.

Ontem eu e o Zé decidimos por-nos a arrumar a cozinha. Normalmente não o fazemos porque como somos de física sabemos que a entropia de um sistema tende sempre a estabilizar a partir de uma certa ordem. Depois de atingida essa ordem a cozinha já não se caga mais.

Aquilo a que muitos chamam de "aterro", nós chamamos o "ponto de equilíbrio".

Estávamos a arrumar a cozinha e nisto eu levanto um saco do chão ao lado do frigorífico e encontro por baixo dele uma conjunção de pequenos bastonetes brancos. Zoom in. Zoom in.

LARVAS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Um carreiro de larvas, mesmo encostadas à parede, claramente vindas da panela (de que outro sítio podiam vir?) e que se esgueiravam para trás do frigorífico.

Em poucos dias, sem que nunca nos tivéssemos apercebido, estas larvas conseguiram de alguma forma fugir da panela e percorrer os 2 metros que as separavam do local onde as encontrei...

E depois, horror dos horrores, o carreiro continuava por ali fora, arredámos o frigorífico e deparámo-nos com uma visão horripilante... Mais de uma dúzia de larvas já ali tinham ido parar... Estavam duas molas da roupa no chão por baixo do frigorífico, fui apanhá-las e larguei-as de terror ao aperceber-me que estavam cheias de larvas por baixo.

Eu vivo com duas pessoas nojentas mas que são extremamente hipocondríacas. Para o Zé estava fora de questão simplesmente varrer as larvas dali para fora e pô-las no lixo e levar o lixo e a panela de uma vez para sempre daqui para fora.

O Zé precisava de álcool. Procurou por toda a casa, escrupulosamente. Não encontrou.

"Não há álcool em lado nenhum", disse ele abatido, quando voltou à cozinha depois de ter virado o apartamento todo ao contrário, esvaziando gavetas e armários.

Olhei para ele compadecido, fui à casa-de-banho e peguei na garrafa cheia de álcool que estava em cima do lavatório. Os olhos do Zé brilharam fulgurosamente quando a viu. Arrancou-ma das mãos e começou a esguichar aquilo pelo chão todo atrás do frigorífico.

Quando o vi a fazer aquilo confesso que tive um mau pressentimento. Estamos a falar ainda de um metro quadrado de chão. Por cima do qual estão os cortinados da janela da marquise...

Peguei rapidamente nos cortinados e afastei-os. O Zé ateou fogo a um pedaço de papel e deixou-o cair na poça de álcool.

No instante em que tocou no álcool a chama alastrou quase instantaneamente para toda a área que tinha sido irrigada, com um som característico da combustão. Chegou até mim uma onda de calor enquanto o meu cérebro tentava processar o facto de estar a ver a minha marquise a arder.

É tipo imaginares teres uma fogueira a arder no chão da sala... Sei lá, o cérebro faz curto-circuito, é que não estamos a falar de uma labaredazinha, mas de um metro quadrado de chão e paredes em chamas, um pequeno incêndio ali.

Eventualmente o fogo extinguiu-se e eu chamei a atenção para uma área que tinha larvas mas na qual o fogo não tinha estado. O Zé voltou a esguichar álcool para ali. Reparou que uma das molas ainda estava incandescente e, acto contínuo, trouxe o esguicho directamente até à mola.

O carreiro de álcool pegou fogo como um rastilho, e deflagrou um novo pequeno incêndio na parede.

Ok, aquela cena do rastilho, blá blá blá que o fogo podia ter subido pelo esguicho e entrado pela garrafa, blá blá blá, bem, tenho a dizer isto: aquilo foi E-S-T-I-L-O-S-O...

O fogo consumiu-se e restou apenas uma nuvem de fumo com cheiro a fogueira.

Varremos os detritos. Estava na hora de nos livrarmos da panela.

Quando olhámos com mais atenção para a panela verificámos que na tampa, nas paredes e na zona circundante se podiam ver de facto muitas pequenas larvas, que passavam muito facilmente despercebidas a um olho desatento.

Completamente creeped out tapámos a panela, colámos a tampa com fita cola, pusémo-la num saco e fomos pôr o saco no lixo- não no lixo do prédio, mas num contentor a uns duzentos metros de distância.

Chegados a casa estava na hora de nova purga - desta feita na zona circundante ao sítio onde a panela estava, que designadamente era ao lado do fogão, que por acaso até é um aparelho doméstico alimentado a propano ALTAMENTE INFLAMÁVEL.

A sorte é que o Zé tem um instinto piromaníaco tão apurado que nem sequer esperou que racionalizássemos o que estávamos a fazer, despejou álcool por ali em volta e vá de pegar fogo àquela merda.

Retirei atabalhoadamente os panos de cozinha que estavam pendurados ali perto e fiquei a apreciar o efémero incêndio que decorreu ao lado do meu fogão.

Ah beleza. Ah esterilidade.

Aprendemos assim que não devemos brincar aos Deuses... The Hard Way...

Aprendemos a nossa lição, suspirámos satisfeitos com o desfecho da história...

Missão cumprida.


...


Or is it?...

Apanho uma t-shirt no chão do hall para ver se é minha e por baixo dela vejo um grão de arroz. Não sei se é o meu cérebro a querer acreditar que é um grão de arroz, mas a verdade é que nem ligo, chego ao pé do Zé e decido pregar-lhe uma partida: "Zé, tinhas uma larva debaixo da t-shirt!!"

O Zé aterrorizado vai ao hall, eu digo-lhe que estava só no gozo e ele diz-me "Tavas no gozo?????? ENTÃO QUÉSTA MERDA?????".

Era um bago de arroz. A contorcer-se...



...


Devo referir que o sítio onde estava a t-shirt ficava a uns 6 metros da panela.

Por muito que o autor gostasse de o negar, todo o relato precedente é mesmo verdade, na íntegra.

Esta história pode ser corroborada em parte aqui, por uma testemunha que assistiu a metade dela.

5 Comments:

Marco Robalo said...

Não te consigo descrever por palavras a histeria que tive ao ler este teu post. Sinto-me quase como se tivesse batido 20 punhetas depois de foder 20 pretas.
Estou maravilhado, encantado, nem sei..chocado..com esta tua descrição..só me apeteceu telefonar-te enquanto lia o texto, para poderes assistir em directo ao meu ataque de histeria. Não o fiz porque não achei a merda do telefone.
Mas olha..hum..quem me dera..quem me dera...quem me dera ter assistido à cena da eliminação das larvas...É como se me tivessem roubado parte da alma.

Por favor...se voltarem a encontrar larvas..diz-me..por favor..

Sonat said...

LOL

Sonat said...

lol fdx pk 20 pretas? pk?

Anônimo said...

tadinhas das larvas.... :,(
lolol

Hugo said...

Não podes, não consegues conceber o quão angustiado estou por ter perdido esse delírio piromaníaco do Zé. De certeza que perdi uma experiência enriquecedora. Essa angustia é, talvez, apenas comparável à dor que sinto, a dor que um pai sente quando vê morrer mais de uma dúzia de filhos seus.

Mas, como disse o capitão no 300, "I have others to replace them".

P.S.: Também gostava de perceber a história das pretas.